Se o bebê nasceu com a cabeça achatada ou torta, ou ainda, se enquanto recém-nascido, o formato da cabeça começou a entortar, não se preocupe, ela consegue voltar ao normal. Essa condição clínica é conhecida como assimetria craniana1 ou síndrome da cabeça achatada, e dependendo das medidas da cabecinha do pequeno, pode levar o nome de Braquicefalia, Escafocefalia, Plagiocefalia.

Também pode ocorrer, mas menos comum que os citados acima, pode estar associada a Cranioestenose. Depende de qual lado ficou desigual. Mas, para todos os casos, tanto os mais leves como os mais graves, existem tratamentos.

Como Evitar ou Corrigir a Cabeça Torta do Bebê

As duas diagonais mais longas da cabeça do bebê são as que dizem se ele está com a cabeça torta. Dependendo do grau de assimetria, ela pode ser classificada como leve, moderada ou grave.

A assimetria craniana pode regredir espontaneamente se a pressão sobre a área, que anteriormente causou a deformação, não continuar. Por isso, quanto antes se identificar o problema e passar a se tomar medidas de precaução, maior a chance de a cabeça voltar ao “normal”. O ideal é começar a tomá-las entre os 3 e 14 meses da criança.

Alguns Cuidados

As medidas são muito simples: primeiro, é necessário variar o posicionamento do bebê enquanto ele está acordado, o estimulando a ficar de bruços a fazer brincadeiras, por pelo menos quatro vezes por dia, de modo que sua cabeça não fique escorada em nada.

IMPORTANTE: É preciso que o bebê tenha supervisão durante a posição de bruços, e que nunca durma nesta posição, pois há o risco de sufocamento e morte súbita.

Depois, mudar o berço do bebê de lugar também é recomendável, se possível toda semana. Isso porque, mesmo que a gente não perceba, o bebê tem vícios de posição e de olhar, por causa da disposição dos objetos do quarto ou da cama da mãe em relação ao berço.

Algumas almofadas próprias para bebês em viagens, testadas por pediatras, também podem ajudar a evitar que a cabeça se deforme. Como precaução, é necessário evitar deixar o bebê muito tempo na cadeira bebê conforto (de carro) ou no carrinho de bebê. E também variar a maneira como se pega o neném no colo, especialmente durante a amamentação.

Por último, se nenhuma das alternativas anteriores for suficiente, pode ser necessário o uso de uma órtese craniana2, que é uma espécie de capacete ortopédico para o bebê. Ele só pode ser colocado no bebê a partir dos 5 meses. O capacetinho é utilizado quase o dia inteiro, durante 22 ou 23 horas por dia. O problema é que não é um tipo de tratamento barato. Mas seus resultados são eficazes e rápidos, especialmente nos casos mais graves de assimetria.

Diagnóstico

No diagnóstico, primeiramente o médico deve identificar se o bebê tem plagiocefalia, braquicefalia ou escafocefalia, condições clínicas bem semelhantes3. Algumas vezes, exames como Raio-X, Tomografia Computadorizada ou Ressonância Magnética são prescritos para eliminar alguma outra doença de má formação (que aí, pode não ter cura), mas geralmente não se chega ao ponto de precisar deles para reconhecer a síndrome da cabeça achatada. A inspeção visual e medição por um craniômetro costumam ser suficientes.

Ao se confirmar no diagnóstico que a cabeça torta não é por má formação, sendo então causada por fatores externos ao corpo do bebê, pode-se respirar fundo e saber que tem como reverter a situação. Pode ser um caso de plagiocefalia posicional ou postural (PP), por exemplo, causada pela posição do bebê no útero durante a gestação, ficando muito tempo de um mesmo lado. Isso acontece muito nos bebês “grandes” (mais de 3,5 kg) e em gestações de mais de 40 semanas. Os de sexo masculino também são os mais afetados.

Quando o recém-nascido não se movimenta muito e passa muito tempo deitado, poderá também ficar com a cabeça torta. A pressão do colchão ou do travesseiro sobre ela pode provocar o achatamento de um lado da cabeça ou da parte de trás, na nuca. Nessa fase, o bebê não tem força suficiente no pescoço para sustentar a cabeça. Por isso, se ficar muito deitado, o peso todo dela vai direto para o ponto de contato com o colchão, causando a deformação.

Entendendo as Causas

A cabeça do recém-nascido torta acontece porque o crânio do bebê ainda está em formação, então, qualquer posição ou pressão sobre a sua cabeça, principalmente até os 6 meses de vida, pode ocasionar uma deformação craniana nas “placas móveis” (suturas) que precedem a formação do osso. Além disso, nessa fase de formação, a cabeça cresce muito rápido, por isso qualquer obstáculo que impeça um dos lados de crescer já faz notar a cabeça torta.

Comorbidades e Fatores de Risco

Algumas outras coisas podem estar associadas à cabeça torta do bebê, como cranioestenose e partos prematuros. Confira a tabela com os principais fatores de risco antes e depois da gravidez:

Pré e perinatais Pós-natais
  • Primeiro filho
  • Gêmeos
  • Idade materna avançada
  • Parto distócico
  • Apresentação pélvica
  • Posição fetal
  • Anomalias uterinas
  • Macrocefalia
  • Macrossomia
  • Pouca mobilidade
  • Preferência em uma posição
  • Prematuridade
  • Atraso de desenvolvimento
  • Aleitamento artificial
  • Problemas cervicais: como torcicolos, assimetrias na coluna e lesões

Um dado interessante é que, no Brasil, entre os 2,9 milhões de bebês nascidos em 2008, em um levantamento do Ministério da Saúde, cerca de 350 mil bebês tinham plagiocefalia posicional. Esse número vem tendendo a aumentar.

Nos EUA, depois de a Academia Americana de Pediatria recomendar que os pais colocassem seus filhos para dormir de barriga para cima para evitar a Síndrome de Morte Súbita do Lactente, houve um aumento, por outro lado, da plagiocefalia nos bebês americanos, que chega a alcançar 13% dos recém-nascidos.

Como a assimetria craniana não é algo tão grave como o risco de morte súbita, ainda é mais recomendável que o bebê durma de barriga para cima, e que se adote as medidas de tratamento e prevenção aqui mencionadas.

Veja Também: Perímetro Cefálico: Tabela de Tamanho da Cabeça do Bebê na Gravidez

Foto: George Ruiz