O corpo humano funciona como uma potente máquina. E para que tudo funcione da forma esperada, cada engrenagem é importante para que tudo ocorra perfeitamente alinhado. Com algumas alterações das suas funções, alguns sinais podem acontecer, mostrando que algo está fora do esperado. Esse é o caso do corrimento amarelo.

Nem sempre a presença de um corrimento amarelo afirma que a mulher está com algum problema de saúde ou até mesmo alguma infecção1. Para chegar a essa conclusão, o corrimento amarelo precisa vir acompanhado de outros sintomas, que devem ser analisados minuciosamente.

Corrimento amarelo pode indicar o que?

O corrimento amarelo ou muco amarelo, nem sempre é indicação de que algum problema está acontecendo. Em alguns casos pode ser simplesmente sinais que a ovulação está prestes a acontecer. Pode ser também alguma alteração fisiológica do pH vaginal ou até mesmo algum descontrole hormonal.

Isso se a presença desse corrimento amarelo não vir acompanhado de sintomas como coceiras intensas na vagina, forte odor e incômodos na hora do ato sexual e para urinar. Esses são sinais da presença de uma possível infecção.

Normalmente, a presença de corrimento amarelo junto dos demais sintomas descritos acima indicam a presença de uma vaginose bacteriana2, que é uma infecção bacteriana, ou da tricomoníase, que é uma infecção causada pelo protozoário.

Vaginose bacteriana

A vaginose bacteriana ocorre devido a uma aglomeração de bactérias no canal vaginal. Essa aglomeração bacteriana altera o funcionamento da flora vaginal, e reduz a quantidade de lactobacilos locais, permitindo que as bactérias proliferem rapidamente. Essa proliferação causa sintomas característicos como o corrimento amarelo com um mau cheiro muito forte. Mesmo provocando sinais bem incômodos, é de fácil controle, e é necessário um tratamento rápido e eficaz.

A vaginose bacteriana não está na lista de DSTs e é considerada muito comum, devido a sua facilidade de proliferação. A forma de prevenção é manter relações sexuais sempre com preservativo, evitar duchas vaginais e ter controle do número de parceiros sexuais.

Riscos da vaginose bacteriana

Mesmo se tratando de um problema relativamente comum e de fácil tratamento, o tratamento da vaginose bacteriana pode apresentar alguns riscos à saúde da mulher, se não realizado da forma correta.

Não é muito comum ter complicações, mas caso não seja tratada corretamente, pode acontecer uma infestação de bactérias no útero e trompas. Isso pode provocar uma DIP (doença inflamatória pélvica).

Tratamento da vaginose bacteriana

O tratamento para vaginose bacteriana, e para acabar de vez com a presença do corrimento amarelo, é através de antibióticos e alguns cuidados específicos. O ginecologista poderá indicar o uso de remédio oral ou em forma de pomada.

O tratamento tem duração de 7 dias e não deve ser interrompido para garantir o tratamento adequado. Durante os dias de tratamento, é recomendado que relações sexuais sejam evitadas ou seja utilizado preservativo.

Tricomoníase

A tricomoníase é uma infecção no canal vaginal ocasionada por um protozoário chamado trichomonas vaginalis3. Mesmo se tratando de uma infecção vaginal, o protozoário pode ficar alojado no trato urinário masculino por longos períodos, sem apresentar sintomas. Por isso pode ser transmitido durante a relação sexual.

IMPORTANTE: A tricomoníase pode vir acompanhada de outras doenças da DST, como a gonorreia.

A forma de transmissão é de uma pessoa infectada para outra, durante a relação sexual. Nas mulheres, as áreas afetadas são: vagina, vulva, colo uterino e uretra. Nos homens, a parte afetada é a área interna do pênis, na uretra.

A tricomoníase apresenta sintomas bem característicos tanto no homem quanto na mulher. Eles incluem um corrimento amarelo com forte odor, coceiras vaginais, vermelhidão na área afetada e incomodo ao urinar ou durante o ato sexual.

Riscos da tricomoníase

A tricomoníase tem cura, se o tratamento for realizado de forma adequada. Mas caso não seja feito, pode oferecer grandes riscos à saúde da mulher, inclusive danos irreversíveis. A inflamação causada pelo protozoário aumenta as possibilidades de a mulher contrair o vírus HIV, caso seja exposta.

Tratamento da tricomoníase

O tratamento da tricomoníase é realizado à base de antibióticos, que podem ser orais ou em forma de cremes e pomadas vaginais. Porém, o de maior eficácia para combater a doença é em forma oral, que oferece resultados mais ágeis.

O tratamento deve ser realizado não só com a pessoa infectada, mas também com seu parceiro sexual. Por garantia, no prazo de 7 dias de durabilidade do tratamento deve-se evitar ter relações sexuais ou fazer o ato sexual protegido, com preservativo.

A melhor forma de prevenir o surgimento da tricomoníase é evitar ter vários parceiros sexuais, sempre utilizar preservativo e sempre que notar algum sinal diferente, fazer abstinência sexual e procurar um médico para avaliação.

Diagnóstico do corrimento amarelo

Ao detectar a presença do corrimento, principalmente se acompanhado dos demais sintomas de uma possível infecção, o ginecologista deve ser procurado para diagnóstico e tratamento.

O diagnóstico será realizado através da análise visual, e outros fatores serão avaliados, como aspecto da vagina e vulva. Caso o ginecologista tenha dúvidas, poderá fazer a coleta de uma pequena amostra do corrimento amarelo e encaminhar para avaliação do laboratório.

Tratamento do corrimento amarelo

O tratamento do corrimento amarelo dependerá do diagnóstico médico, já que este tipo de característica é comum a mais de uma causa. Cada causa terá um tratamento diferente da outra.

No geral, o tratamento do corrimento amarelo é a base de antibióticos ou medicação em forma de creme, gel, pomada ou até mesmo comprimidos vaginais. Normalmente, o tratamento é indicado não só para a mulher que apresenta o corrimento, mas também para seu parceiro sexual. Isso é ainda mais importante se for confirmado a existência de outras DST’s.

Durante o tratamento, alguns cuidados para minimizar os desconfortos e garantir a eficácia do tratamento são necessárias, como:

  • Utilize sabonete neutro para fazer a higiene íntima;
  • Evite ter relações sexuais;
  • Não utilize absorventes internos;
  • Faça banho de assento com água morna para aliviar a ardência e coceira.

Como evitar o corrimento amarelo?

Alguns cuidados com a saúde e principalmente com a higiene íntima são essenciais para garantir a saúde vaginal. Bons hábitos alimentares garantem uma saúde balanceada e um organismo mais forte para combater a invasão de algumas bactérias infecciosas.

Não abuse do consumo de álcool e tabaco, evite utilizar roupas muito apertadas e procure não utilizar banheiros públicos. Se for necessário usar, garanta que não tenha contato com o assento. Na hora de dormir, procure dormir sem calcinha ou opte pelas feitas em algodão, que permitem a “respiração” da vagina.

SEMPRE utilize camisinha, não faça duchas vaginais e evite utilizar desodorantes e perfumes na área da vagina. E o principal:  visite seu ginecologista regularmente e sempre que notar algo estranho no seu corpo. Faça o exame papanicolau anualmente ou sempre que solicitado pelo seu ginecologista.

Ter alguns cuidados simples e viver uma vida regrada te garantirá um corpo saudável e longe de doenças tão incômodas e perigosas. Ao notar o menor sinal de alteração no seu corpo, procure seu médico imediatamente para avaliação..

Veja também: Vaginose Bacteriana – O que é, Causas e Tratamentos

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