Maio de 2022, estudo feito pelo Trocando Fraldas com mais de 4.700 mulheres entre 25 de abril e 03 de maio de 2022: A curetagem é um procedimento realizado pelo ginecologista com o objetivo de limpar o útero através da remoção de restos de um aborto incompleto ou da placenta após o parto normal. Porém, infelizmente, na maioria das vezes, a curetagem uterina é feita em um momento delicado da vida de uma mulher, o aborto espontâneo.

Cerca de 23 milhões de gestações em todo o mundo terminam em aborto espontâneo a cada ano, em média 15% do total; conforme demonstram estimativas publicadas na revista médica The Lancet em 26 de abril de 2021. No entanto, nem sempre as mulheres recebem o apoio e o cuidado adequados pela saúde pública após tão grande perda.

E é isso que demonstra o nosso mais recente estudo. Sendo que 51% das brasileiras que já passaram pelo procedimento de curetagem, concordam que a saúde pública não está preparada para acolher esse tipo de situação de perda gestacional. Principalmente as mulheres dos 30 aos 34 anos com 66% das participantes.

Você acredita que a saúde pública está preparada para
acolher esse tipo de situação de perda gestacional?


Além da dor física

A curetagem não é um procedimento fácil, e é muito doloroso. Mas é necessário, para evitar que algo fique no útero após uma expulsão parcial. A permanência dos restos de uma gravidez que não evoluiu pode causar infecções muito sérias. Ainda, a dor ou desconforto abdominal pode surgir após o procedimento e permanecer por cerca de 5 a 7 dias, sendo recomendado tomar analgésicos.

Além da dor física, existe também a dor emocional de saber que o sonho de ser mãe foi interrompido. É um processo muito doloroso para a mulher, que pode abalar muito o seu emocional, e muitas vezes, somente um suporte psicológico consegue ajudar.

Acontece, que nem sempre este suporte é encontrado pela mulher no momento da sua perda, quando vai ao hospital e descobre o aborto, e a necessidade da curetagem. Afinal, muitos profissionais da saúde não estão preparados para lidar com esta situação. Muitos não têm a sensibilidade necessária na hora de dar esta notícia para a mulher.

E conforme verificamos, das brasileiras que já passaram pelo procedimento de curetagem, pelo menos 40% concordam que os profissionais da saúde não estão preparados para lidar com mulheres que sofrem uma perda gestacional.

Você acredita que os profissionais da saúde estão preparados para lidar
com mulheres que sofrem uma perda gestacional

  • 50% das participantes dos 35 aos 39 anos pensam que os profissionais da saúde não tem o preparo necessário para dar a notícia do aborto à mulher.
  • Já entre as mulheres dos 30 aos 34 anos, pelo menos 48% concordam com a afirmação acima.
  • No Rio Grande do Sul, 56% das entrevistadas concordam que os profissionais da saúde não estão preparados para tal situação.
  • Já no Rio de Janeiro, o percentual cai para 47% das participantes.

Procedimento inadequado

Muitas vezes, existe um fator que pode ajudar a piorar ainda mais a tristeza da mulher por sua perda. Que é o fato de que em alguns hospitais, o procedimento da curetagem é feito em conjunto com o setor da maternidade. E conforme verificamos, 45% das brasileiras concordam que este não é o acolhimento adequado para as mulheres que acabaram de sofrer uma perda.

  • Principalmente as mulheres dos 18 aos 24 anos, com 47% das participantes.
  • No Rio de Janeiro e em Minas Gerais, 49% das entrevistadas concordam que este não é o melhor tipo de acolhimento.
  • Já no Amapá o percentual é de 62%.

Índice dos estados que brasileiras consideram que a saúde pública não está
preparada para acolher mulheres com perda gestacional


Ranking dos estados que brasileiras acham inadequado a curetagem ser feita em conjunto com a maternidade

  • 1.Roraima
  • 2.Tocantins
  • 3.Amazonas
  • 4.Rio Grande do Norte
  • 5.Piauí
  • 6.Acre
  • 7.Bahia
  • 8.Distrito Federal
  • 9.Santa Catarina
  • 10.São Paulo
  • 11.Ceará
  • 12.Alagoas
  • 13.Maranhão
  • 14.Rio Grande do Sul
  • 15.Espírito Santo
  • 16.Paraná
  • 17.Mato Grosso
  • 18.Rondônia
  • 19.Pará
  • 20.Goiás
  • 21.Pernambuco
  • 22.Rio de Janeiro
  • 23.Minas Gerais
  • 24.Mato Grosso do Sul
  • 25.Paraíba
  • 26.Sergipe
  • 27.Amapá

Método de Pesquisa

O estudo teve abrangência nacional e foi realizado com mais de 4.700 mulheres entre 25 de abril e 03 de maio de 2022. O método de coleta de dados foi feito por meio de questionário em formulário na internet.

As seguintes questões foram abordadas:

  • 1. Você já fez curetagem?
  • 2. Você acredita que os profissionais da saúde estão preparados para lidar com mulheres que sofrem uma perda gestacional?
  • 3. Você acredita que a saúde pública está preparada para acolher esse tipo de situação de perda gestacional?
  • 3. Em alguns hospitais o procedimento da curetagem é feito em conjunto com o setor da maternidade. Você acredita que é o melhor tipo de acolhimento?

Para efeitos de comparar os resultados entre regiões e estados, as respostas das perguntas afirmativas foram contabilizadas em números, 1 para “sim” e 0 para “não”. Algumas perguntas, com objetivo de obter resultados mais qualitativos, foram elaboradas com mais opções.