Sim! Gravidez fora do útero existe, porém, é uma gravidez totalmente inviável para o organismo da mãe e também para o bebê. Esse tipo de gestação traz alguns problemas para a mamãe e se não cuidada em tempo, poderá prejudicar futuras gestações acontecerem. Porém, para entender todos os problemas e riscos sobre a gravidez gerada fora do útero é preciso esclarecer o processo normal em que uma gestação saudável acontece.

Tudo começa nos ovários. O folículo cresce e após maduro, se rompe. Esse óvulo maduro e pronto para ser fecundado, é capturado pela trompa e ali, fica cerca de 24 horas aguardando o espermatozoide chegar1. Se a mulher tiver relações neste período, um espermatozoide pode fecundar e se houver a fecundação, uma nova vida se inicia com a fusão dos núcleos dos gametas (óvulo e espermatozoide). Após essa fecundação, o zigoto é guiado vagarosamente pela trompa até o útero onde se alojará no endométrio para crescer saudavelmente. Porém, a gravidez fora do útero é gerada nesta etapa!

A grande maioria das gestações fora do útero são gravidezes ectópicas2, ou seja, geradas na trompa. Ao invés de o bebê viajar através da trompa até o útero, acaba se fixando ali mesmo onde não deveria. O problema acontece porque algumas mulheres têm uma barreira na trompa, seja ela obstrução, coleção de líquidos ou massas. Essa barreira pode ter uma fenda mínima que deixará o espermatozoide passar mas não o bebê. Ou por mero acaso, mesmo que não haja nenhuma coleção de massa, espontaneamente o bebê se fixa no local errado. Aí temos um problema…

A gravidez fora do útero causa muitas dores à mulher. Se gerada nas trompas, ela começará a sentir cólicas cada vez mais fortes. Esse é um dos fortes indícios de que alguma coisa não vai bem. Por isso ao mínimo sinal de dores fortes, melhor mesmo é procurar um médico para investigar. Caso não haja nenhum saco gestacional ou sinal de gravidez no útero, ele monitorará a gestação para verificar a possibilidade de gravidez ectópica.

Nestes casos de gestações geradas fora do útero, a gravidez deve ser interrompida. A trompa não tem elasticidade suficiente para alojar a gestação até o fim. Ela consequentemente estourará antes dos 3 meses de gestação, e esse “estourar” trará muitos males à mãe. O viável a se fazer nestes casos é retirar o bebê da trompa, interromper a gestação. Caso seja preciso, o médico também irá retirar a trompa afetada. Tudo depende do grau de avanço da gestação. Por isso para preservar a trompa intacta, é preciso que se descubra a gravidez fora do útero o quanto antes.

É Possível Uma Gravidez Fora do Útero ir Até o Final?

Algumas vezes o corpo surpreende! Há raríssimos casos de gravidez fora do útero que chegaram até um estágio em que o bebê pôde nascer3. É o caso de Emília. Ela foi gerada literalmente fora do útero. Porém não nas trompas, mas sim na cavidade abdominal entre o intestino e o fígado. A mamãe de Emília, Alya, sentia dores muito fortes, eram como fincadas de faca no abdome. Com isso, os médicos começaram a investigar mais profundamente e constataram que Emília estava sendo gerada fora do útero!

Isso aconteceu porque ao contrário do que costuma acontecer, o embrião foi jogado para fora do útero e acabou se alojando na parte de fora do órgão. Felizmente em uma parte em que a placenta pôde se desenvolver com normalidade. O saco gestacional evoluiu normalmente e a bolsa gestacional também. Estes casos são raríssimos, apenas 1 em um milhão de bebês podem nascer desta forma. Em todo mundo foram constatados com certeza apenas 3 casos.

Sobreviver entre as alças intestinais é um feito digno de ser um milagre de Deus, não é nada fácil ficar espremido e enrolado em tantos tubos gástricos. Por conta desse aperto, o bebê pode se desenvolver com pequenas deformações como no caso de Emília que teve má formação nos pés e costas, mas nada que algumas cirurgias não resolvessem.

Veja também: Gravidez Ectópica – Como Acontece e os Sinais

Foto: Ed Uthman