Andando por aí e pesquisando sobre gravidez me deparei com um assunto um tanto polêmico: a inseminação artificial caseira. Mas e aí, como é isso gente? Tantas meninas pagam uma quantia considerável para fazer um procedimento clínico como esse e repentinamente me deparo com essa “novidade”. Mas você sabe realmente o que é inseminação caseira? Sabe como funciona e quais riscos estão envolvidos nessa prática?

A Inseminação Artificial (IA) é um método usado para levar o sêmen até dentro do útero sem uma relação sexual. Esse procedimento encurta o espaço entre o espermatozoide tratado e o óvulo, facilitando que uma gravidez aconteça1. Ela é indicada para casais que têm Infertilidade Sem Causa Aparente (ISCA), mulheres com anovulação crônica (isto é, a ausência persistente de ovulação) ou muco hostil. Além disso, para ser indicada, é preciso uma avaliação das tubas uterinas (que devem estar pérvias, ou seja, com o seu interior aberto, indicando o bom funcionamento das mesmas), bem como um espermograma, já que o sêmen também deve estar normal. Para que esse procedimento aconteça, a mulher vai a um especialista em fertilidade e usa a medicação correta para estimular a ovulação e aí no dia certo realizar a inseminação. Mas e a inseminação caseira?

A inseminação caseira teoricamente funcionaria mais ou menos da mesma forma, com a diferença que o espermatozoide não seria tratado como em laboratório e a inseminação seria feita de uma forma mais grosseira, sem anestésicos ou instrumentos apropriados. Esse método é muito utilizado por mulheres que desejam ter filhos, tendo a alegação de diversos motivos, seja porque o marido apresenta algum problema de infertilidade ou mesmo esterilidade, seja por casais do mesmo sexo, que buscam ter um filho e recorrem a um doador de sêmen.

Como se Faz Então a Inseminação Artificial Caseira?

Como sabemos, todo procedimento médico traz uma possibilidade de riscos ou efeitos colaterais. Só que, a Inseminação Artificial, se feita por um especialista em fertilidade, numa clínica própria para isso, oferece pouquíssimos riscos.

E por que destacamos isso? Porque, se por um lado, a IA sendo feita por um especialista não acarreta problemas para quem faz, a inseminação artificial caseira, traz, sim, sérios riscos.

Como a inseminação caseira é feita por pessoas leigas e em ambientes domésticos, ou seja, fora dos serviços de saúde e sem assistência profissional, o principal perigo é a possibilidade de transmissão de doenças para a mãe e o bebê2. Isso acontece devido à introdução no corpo da mulher de um material sem exame clínico, ou seja, sem avaliação dos comportamentos de risco, como a ausência de triagem laboratorial para agentes infecciosos, como HIV, Hepatites B e C, Zika Vírus e outros.

Dito isso, as mulheres que se aventuram nessa prática, buscam fazê-la no período fértil. Normalmente, elas calculam bem essa janela fértil, para efetuar o procedimento no dia do pico ovulatório3. Como hoje há uma infinidade de informação disponível, muitas delas se orientam pelo método Billings ou mesmo vão em busca de calcular o período fértil em uma calculadora de ovulação.

E, a propósito, se você está tentando engravidar e deseja fazer um acompanhamento mais detalhado do seu ciclo e da sua ovulação, uma ótima forma de dar uma forcinha a mais no processo é a utilização de um APP de celular de acompanhamento do ciclo, como o APP Paula. Outra dica certeira diz respeito aos testes de ovulação, que irão mostrar se essa fase está se aproximando, se está acontecendo ou se já terminou, indicando quando é o momento mais adequado para namorar e conseguir seu positivo mais rápido. Você pode comprar seu teste de ovulação aqui em nossa loja virtual.

Ainda sobre a inseminação artificial caseira, é preciso ter o sêmen para fazer, obviamente. E, então, as mulheres que topam esse procedimento de risco, quando já dispõem de um doador, pedem que o mesmo deposite o material em um pote plástico de coleta. Normalmente, são usados aqueles que se utilizam em exames laboratoriais.

Além dessa questão da possibilidade de transmissão de doenças, que já mencionamos, outro ponto, com que se deparam as mulheres que encaram uma inseminação caseira, é proteger o esperma do ambiente externo. A maior preocupação delas é usá-lo o quanto antes. Isso porque o sêmen pode ficar armazenado em temperatura ambiente por até duas horas, mas qualquer contato com o ar pode matar os espermatozoides em poucos segundos.

Em geral, as mulheres que arriscam esse tipo de experiência usam uma seringa comum, normalmente aquelas seringas mais finas de 10ml, justamente porque elas sabem que o procedimento pode machucá-las.

Bem, mas prosseguindo sobre esse tema polêmico que é a inseminação caseira, muitas mulheres realizam o procedimento apenas uma vez, outras tentam por todo o período fértil. E, quando há um atraso menstrual de ao menos 5 dias, ou 20 dias da efetivação da inseminação artificial caseira, elas buscam o teste de gravidez.

Parece coisa de filme? Podemos dizer que sim, já que é bem inusitado (para dizer o mínimo) esse jeito de fazer as coisas. O filme “Coincidências do Amor” retrata exatamente esse episódio: uma mulher solteira, que deseja ser mãe e compra um espermatozoide de um doador, em um banco de esperma.

Ela faz uma festa para comemorar o momento e aí seu melhor amigo, por acidente, deixa o esperma cair todo na pia. Para contornar a situação, ele mesmo deixa o seu material ali. A inseminação dá certo e sete anos depois ele encontra uma verdadeira minicópia sua: seu filho. Só que a gente não deixa de advertir aqui que, na vida real, uma inseminação caseira pode se transformar em um filme de terror, por todos os riscos que envolve.

No Brasil, há um banco de espermatozoides doado e congelado, o Pro-Seed, porém o espermatozoide não é comercializado livremente como no exterior. Os Estados Unidos é, aliás, um pioneiro nesse tipo de comércio.

Esse banco de espermatozoides é muito usado por médicos especialistas em fertilidade que veem a vontade de um casal em serem pais, mas encontram um paciente com sérios problemas de fertilidade e até mesmo estéril. Lá fora, casais com problemas de infertilidade recorrem a um banco de esperma sem que pedido ou autorização alguma precise ser emitida.

Já no Brasil, é proibido todo tipo de comercialização de material biológico humano, conforme o art. 199 da Constituição Federal de 1988. Assim, toda doação de substâncias ou partes do corpo humano, tais como sangue, órgãos, tecidos, assim como o esperma, deve ser realizada de forma voluntária e altruísta.

Por fim, terminamos nosso artigo enfatizando que as mulheres que se submetem a esse tipo de procedimento na tentativa de engravidar devem estar cientes do quanto isso pode ser prejudicial. Como são atividades feitas fora de um serviço de saúde e o sêmen usado não provém de um banco de espermas, as vigilâncias sanitárias municipais/estaduais e a própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não têm poder de fiscalização.

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