Existem diversas doenças que podem aparecer com o nascimento do bebê, algumas que são facilmente curáveis, outras que necessitam de um tratamento um pouco mais intenso. Também há aquelas em que não há nada a se fazer para que seja curada. Então, a melhor coisa a fazer é aprender a conviver com essa condição.

Mas independente da gravidade e do tipo de doença, nenhuma parece se assemelhar com o que chamamos de síndrome de abstinência neonatal. Essa condição pode parecer surreal para algumas pessoas, mas é a realidade de muitos no mundo.

Quer entender melhor como essa condição se manifesta e como ela afeta a vida do bebê e dos pais? Então, primeiramente, precisamos entender melhor o que é essa doença.

O que é a Síndrome de Abstinência Neonatal?

Trata-se de uma doença que ocorre quando o bebê nasce com sintomas de abstinência por conta do uso de determinadas substâncias pela mãe durante a gravidez1. Algumas das principais drogas que causam a síndrome de abstinência neonatal são a metadona, os opiáceos e a heroína.

O álcool também pode causar a doença, uma vez que ele pode passar pela placenta e fazer com que o bebê acabe ingerindo essas substâncias também2.

Existe uma discussão sobre a maconha causar ou não a doença. Enquanto não se pode afirmar que sim, é importante lembrar que o uso da maconha causa diversos outros malefícios ao bebê também, ou seja, não importa se essa substância irá ou não causar a síndrome de abstinência neonatal, a recomendação é que a mulher não a use durante a gestação, nem durante a amamentação e nem perto do bebê.

É importante lembrar que nem sempre as ingestões dessas drogas se dão por causa de um vício ou de maus hábitos da mãe, pois esse problema também pode ocorrer por conta de um tratamento com remédios que a mulher precisou fazer.

Porém, nesses casos é importante tomar cuidado e sempre lembrar ao médico da gravidez para que isso não ocorra. De qualquer forma, esses são mais raros. Estima-se que entre 55% e 94% dos bebês que nascem de mães que usaram esse tipo de substância durante a gravidez tenha a síndrome de abstinência neonatal no mundo todo. A média no Brasil é de 76 casos ao ano. Números altos e assustadores.

Sintomas da Síndrome de Abstinência Neonatal

Não é simples identificar quando um bebê está com síndrome de abstinência neonatal, principalmente quando não há contribuição por parte da mãe. Mas os principais sintomas são:

  • Choros incessantes;
  • Manchas na pele;
  • Tremores;
  • Dificuldade para mamar;
  • Fácil irritabilidade.

O problema é que esses sintomas também podem significar outras coisas, o que pode dificultar o diagnóstico e o tratamento da doença. Os sintomas podem começar a ocorrer apenas 2 ou 3 dias após o nascimento do bebê.

Quando falamos de síndrome de abstinência neonatal, estamos falando de um problema social e que muitas vezes pode ser um tabu. Fazer com que as mães admitam que usaram determinadas substâncias durante a gravidez pode ser algo difícil para os médicos, até mesmo por questões legais.

Por isso, a conversa com mães que relutam precisa ser feita com calma, sem uma abordagem julgadora e que busca ajudar o bebê a melhorar. É importante alertá-las que, quanto mais tempo o bebê ficar sem o tratamento, piores serão os sintomas. Em último caso, há ferramentas em hospitais que possibilitam que os médicos descubram a síndrome de abstinência neonatal.

Prevenção da Síndrome de Abstinência Neonatal

A prevenção da síndrome de abstinência neonatal se dá por meio da conscientização das mães em relação aos hábitos que se deve ter durante a gravidez. Porém, quando falamos em mães viciadas, a questão fica mais séria, pois a internação dessas mulheres muitas vezes é necessária para que o bebê não corra riscos maiores como o aborto ou a má formação dos órgãos, por exemplo. Em países mais pobres esse problema se torna muito maior, já que existem diversas outras questões sociais envolvidas.

Tratamento da Síndrome de Abstinência Neonatal

Podemos dividir os tipos de tratamento para essa condição em dois: os farmacológicos e os não farmacológicos. Dessa forma, podemos apontar com mais precisão o que cada um deles oferece para que a síndrome de abstinência neonatal seja melhorada.

Tratamentos Farmacológicos

O tratamento com fármaco é normalmente feito com morfina ou com buprenorfina, senda a segunda substância a que tem se mostrado mais eficaz para o alívio dos sintomas. Ela pode ser utilizada ainda na mulher para que o bebê não nasça com a doença e tem surtido bons efeitos nos últimos anos.

Tratamentos Não Farmacológicos

O tratamento inicial nos bebês precisa ser não farmacológico, sempre feito com cuidado e com muito carinho. Massagens, a utilização de voluntários para manter o contato do toque com o bebê e uma nutrição adequada podem ajudar o bebê a superar a doença. Porém, isso só acontece entre 40% e 60% dos casos e, quando não há sucesso, é necessário o tratamento farmacológico3.

Apesar de essa ser uma condição que está afastada da realidade de muitas mães, é importante saber que a síndrome de abstinência neonatal existe e que é muito perigosa. Usar substâncias proibidas durante a gravidez pode causar danos muito sérios ao bebê ou até mesmo o aborto.

É claro que quando a doença se manifesta nem sempre está ligada com o uso de alguma droga, mas é necessário haver atenção redobrada com o uso de qualquer tipo de substância durante a gravidez.

Lembre-se: a vida que você está gerando é extremamente frágil e qualquer substância não natural pode custar essa vida, seja pelo óbito ou pelos problemas que aparecem posteriormente. Por isso tome muito cuidado com os medicamentos durante a gravidez e, sempre que houver dúvidas, consulte um médico de sua confiança.

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Foto: Joffi