Quando o assunto é a tireoide, tudo fica confuso e complicado. Quem nunca ouviu falar sobre o descontrole da tireoide, que traz desconfortos como inchaço, dificuldade de perder peso e até mesmo sudorese? Há dois tipos de alteração: hipotireoidismo e hipertireoidismo. A diferença básica entre eles é que o hipotireoidismo causa uma redução da produção hormonal, enquanto o hipertireoidismo causa o aumento da função hormonal.

Porém, se o descontrole dos hormônios da tireoide já é preocupante para mulheres que não estão grávidas, a situação se complica ainda mais durante a gravidez. Você sabia que o problema das glândulas pode trazer sérias consequências? Por isso os médicos aconselham: se tem problema com hipotireoidismo1 ou hipertireoidismo2, é melhor tratar antes de tentar engravidar.

Mas o que é a tireoide, o que ela faz, e por que é tão perigoso engravidar com problemas de descontrole? A tireoide é uma glândula localizada no pescoço. Ela é responsável pela produção de dois hormônios fundamentais para o metabolismo, o T3 (triodotironina) e o T4 (tetraiodotironina).

Esses dois hormônios decidem como as células gastam energia e para qual parte do corpo vão a maioria dos hormônios. Por isso, a mulher que quer engravidar tem que manter a tireoide em constante vigilância. O hipotireoidismo ou hipertireoidismo podem causar:

  • Ganho ou dificuldade de perda de peso
  • Queda de cabelo
  • Ressecamento da pele
  • Perda de tônus muscular e rigidez dos músculos
  • Aumento do colesterol
  • Inchaço
  • Alteração do ritmo cardíaco

Os sinais mais evidentes são estes citados acima. Porém, outros sintomas podem aparecer, tais como quadro de depressão, edemas na face, mãos, pernas e pés, alterações no colesterol, intolerância ao frio, formigamentos e pele com textura e coloração diferenciada, amarela e ressecada. Obviamente que todos esses sintomas podem ocorrer devido a outros problemas de saúde, mas verificando os sinais e realizando os exames solicitados, pode ser constatada a alteração da tireoide. O médico responsável pelo diagnóstico e tratamento é o endocrinologista.

Depressão, edemas, intolerância ao frio, formigamentos e pele com textura e coloração diferenciada também podem ser sintomas da hipotireoide.

O hipotireoidismo pode ser um caso de doença autoimune, ou seja, o corpo passa atacar a tireoide, possivelmente causando problemas como tireoide de Hashimoto. O hipotireoidismo é mais comum do que o hipertireoidismo, que é aumento dos hormônios. Ele pode afetar diretamente a fertilidade da mulher e também do homem.

A mulher que quer engravidar pode ter sua fertilidade comprometida pelo aumento de todas as funções dos hormônios T3 e T4. Isso porque o TSH, que é importante para o bom funcionamento de todos os demais hormônios do organismo, pode sofrer alteração e modificar os hormônios corporais, inclusive os da fertilidade. É comum encontrar casos de mulheres com hipertireoidismo que não conseguem engravidar simplesmente por não ovularem devido a esse aumento dos hormônios.

O bloqueio, ou redução drástica dos hormônios da fertilidade, retardam a ovulação ou, em alguns casos, fazem com que ela não aconteça. Por isso, o diagnóstico e tratamento do problema é fundamental. Se você tenta engravidar há muito tempo e ainda não teve sucesso, vale a pena conversar com seu médico para verificar os índices hormonais com um simples exame de sangue. Aliás, o diagnóstico do hipotireoidismo ou hipertireoidismo é muito simples. Basta um exame laboratorial para dosar os níveis do TSH, T3 e T4.

O tratamento do problema de hipotireoidismo é simples, basta fazer reposição hormonal em forma de medicamentos. Porém, a dosagem muda para cada caso e somente um médico poderá orientar o uso. A automedicação pode causar problemas e efeitos indesejados.

No caso de hipertireoidismo, o tratamento é outro. A doença é controlada através de antitireodianas como o levotiroxina, por exemplo. A maior incidência de problemas da tireoide é o hipotireoidismo, que necessita de uma reposição controlada de medicamentos que não são indicados em caso de gravidez, pois podem passar pela barreira da placenta. Para as que pretendem engravidar, ao controlar a doença o ciclo menstrual voltará a sua funcionalidade normal e, em média depois de 3 meses, já estará apta a engravidar.

E o hipotireoidismo na gravidez?

O hipotireoidismo na gravidez deve ser monitorado de perto pelo médico. Assim que uma mulher portadora do hipotireoidismo engravida, deve ajustar a dose da medicação para mais. Aliás, o ideal é tratar o problema antes mesmo de engravidar. Caso a gravidez aconteça durante o tratamento, o médico vai orientar como proceder com a continuidade da reposição hormonal no organismo. É importante tratar para evitar problemas no feto3.

Devemos lembrar que, em casos muito avançados do descontrole da glândula, o hipotireoidismo na gravidez pode causar problemas de má formação no bebê. Também é possível que o problema não tratado cause problemas cardíacos e problemas de desenvolvimento neurológico e emocional no bebê. O parto prematuro também é uma possibilidade em mulheres com problemas de hipotireoidismo, além da aceleração dos batimentos cardíacos fetais.

IMPORTANTE: Você sabia que problemas de tireoide podem ser transmitidos da mãe para bebê? Quando a mãe tem índices elevados de anticorpos antiperoxidase, o bebê tem grandes chances de herdar a doença na tireoide. Através do teste do pezinho ampliado, realizado logo após o nascimento, é possível observar os níveis do hormônio da tireoide e já diagnosticar.

A maioria dos ginecologistas não sabe exatamente qual a importância do controle dos níveis de hormônios da tireoide na gravidez. O correto é monitorar os hormônios da gestante pelo menos a cada 2 meses para ter certeza de que tudo vai bem. Aliás, uma mulher que não têm hipotireoidismo antes de engravidar, pode passar a tê-lo depois da gravidez! Por isso é importante ter um médico bem informado sobre o assunto. Não tenha medo, o hipotireoidismo na gravidez é um problema contornável. Para ficar tranquila é bom haver um bom endocrinologista trabalhando em parceria com seu obstetra. Trabalhar juntos ajuda e muito no controle da doença e no uso da medicação correta.

Além da medicação para controle da hipotireoide, uma alimentação saudável aliada a exercícios recomendados para gestação, como hidroginástica, caminhadas, ioga, natação e bicicleta ergométrica, também ajudam a manter a gestação mais tranquila. Mas nada de fazer exercícios sem o acompanhamento de um especialista e sem a liberação do seu médico. Vale também alertar que é necessária uma especialização dos professores para acompanhar gestantes.

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Foto: mrtopp